sábado, 17 de julho de 2010

um dia eu sonhei...

Um dia eu sonhei que visitei uma igreja diferente, nela não havia paredes nem fronteiras, nela não havia títulos, ninguém era chamado de Doutor, mas sim de João, Maria, Fernanda...
Nela não havia luxo, mas sim simplicidade, as cadeiras não eram enfileiradas, afinal, não existiam cadeiras nem templo, a igreja eram as pessoas, elas se reuniam na casa de um, de outro ou em um parque, em uma praia... Nela não havia acepção, nela não havia distinção. Eu perguntei quem era o pastor, o ancião, o diácono... Eles falaram “somos nós”... Lá o único mestre era Cristo, lá todos se respeitavam todos se ajudavam, se a Maria precisasse de feijão o João lhe daria um pouco, todos aprendiam com todos, Jonathan um professor aprendeu o perdão com Joaquina uma diarista...
Eles faziam sempre um lanche no início dos cultos, Sidney um executivo, sentava ao lado de Felipe um artesão, todos se respeitavam, nos cultos ninguém ficava de costa para ninguém, eles sentavam em circulo, liam a Bíblia, cantavam e conversavam sobre seu cotidiano, suas dúvidas, suas buscas. Todos confortavam todos, lá se alguém tivesse uma dúvida ou quisesse confessar um pecado, falava no circulo. Fiquei encantado com tamanha simplicidade.
Eles se reuniam várias vezes na semana, e pelo menos uma vez por semana eles iam às ruas, distribuir alimentos, visitar órfãs, enfermos, idosos. Telma uma chefe de cozinha se juntava com Fátima uma ajudante de cozinheira, para fazer uma sopa para os moradores de rua. Estevão, um engenheiro, se juntava com Carlos, um ajudante de pedreiro para reformar uma creche. Anderson, um artista plástico, se juntava com Bruno, um carpinteiro, para fazer móveis para um asilo. Sabrina, uma médica obstetra se juntava com Paulo, um auxiliar de enfermagem, para acompanharem o pré-natal de grávidas. Todos faziam aquilo que estava dentro de suas possibilidades, eles iam a todos os lugares.
Não vou negar que havia discussões, mas sempre procuravam o melhor meio para se entenderem. Se algum deles precisasse de ajuda, todos se mobilizavam e o ajudavam. Certa vez, Estevão ficou desempregado e Carlos lhe disse que havia uma vaga para engenheiro aonde ele trabalhava. Quando a oficina de Bruno pegou fogo todos o ajudaram e Anderson lhe conseguiu ferramentas novas. Sempre um querendo o bem do outro. Quando Telma separou-se do marido, todos a confortaram.
Nessa igreja não havia distinção de raça, Telma era negra, Sabrina asiática, Carlos mestiço, Estevão índio, Bruno branco e todos se tratavam da mesma forma e sempre aguardavam novos membros. Lá não havia muros, não havia divisões, ninguém era considerado melhor do que ninguém.
A juventude era o que mais me intrigava. Ao invés de conversarem sobre quem ficou com quem, eles planejavam qual seria o novo asilo, o novo abrigo, a nova creche a ser visitada e/ou restaurada.
Eu me surpreendi com a tamanha sinceridade de todos. Cheguei a Fernanda e perguntei: “qual o nome dessa igreja?”, ela me respondeu “o nome não importa, o que importa é que seguimos a Cristo e amamos ao próximo” nunca tinha escutado algo tão simples e sincero, perguntei a João “qual o seu principal dogma?” e ele me disse: “amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” eu perguntei “isso é um dogma?” ele me respondeu “não apenas, mas sim o pilar de nossa crença” eu me alegrei com essa igreja e perguntei, “eu posso entrar?” e eles me responderam com um sorriso “é claro, venha” eu estava ansioso nunca tinha visto uma igreja assim, queria pertencer a ela, almejava isso, mas um imprevisto aconteceu, eu acordei.
Passei o dia pensando, “que lindo seria uma igreja assim”, mas na terra seria um tanto difícil. Pensei no céu, lá será bem melhor. Vamos para esse lar? Nesse reino não existirá muros para nos separar, nele não existirá segregação, será algo que eu, um mero humano pecador não posso descrever. Vamos? Eu quero estar lá com você, não sei se vou conseguir, mas desejo muito, e você deseja? Pense... Lá não existirão muros.

Ictus

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